domingo, maio 15, 2005

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida.
Como outra coisa qualquer,
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso,
Como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam,
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
É vinho, é espuma, é fermento,
Bichinho alacre e sedento,
De focinho pontiagudo
Que fossa através de tudo
Num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor é pincel,
Lare, fuste, capitel,
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista,
Mapa do mundo distante,
Rosa-dos-ventos, Infante,
Caravela quinhentista,
Que é Cabo da Boa Esperança,
Ouro, canela, marfim,
Florete de espadachim,
Bastidor, passo de dança,
Colombino e Arlequim,
Passarola voadora,
Pára-raios, locomotiva,
Barco de proa festiva.
Alto-forno, geradora,
Cisão do átomo, radar,
Ultra-som, televisão,
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
Que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha.
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança.


António Gedeão

3 Comments:

Blogger Sílvia Sobrinho said...

Grande poema e musica...
E é verdade... o sonho comanda a vida... basta acreditarmos neles...
bjs

10:01 da tarde  
Blogger Sara Oliveira said...

Olá madrinha lindah..
Eu n iria conseguir decorar td isso, mas a moral do poema é excelente :)
o sonho é o principio de tudo..

beijinho pa ti.. dorutx**

11:05 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Boas, apenas estou de passagem, num intervalo de um trab, e quero aproveitar para dizer que conheci pessoalmente o sr. que canta essa canção, que é sem dúvida das melhores coisinha que se fez neste Portugal!
pedroafpereira@myrealbox.com

5:51 da tarde  

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