terça-feira, março 29, 2005

Pai

Mais uma vez dedico umas simples mas sentidas linhas a uma pessoa que infelizmente já partiu, que já não está entre nós: o meu pai... Faz hoje 6 meses...

Gostava de lhe dizer que tenho saudades dele! Cada vez mais... Dizem que o tempo é um bom amigo, mas eu não concordo totalmente. Por um lado é bom porque vamos atenuando a mágoa da perda, mas por outro lado é pior porque as saudades que sentimos vão aumentando!... Eu daria tudo para o poder voltar a ver nem que fossem só e apenas 5 minutos!

Sinto que perdi uma parte de mim, mas ao mesmo tempo que tenho este sentimento, sinto também que começo agora a readquirir essa minha parte perdida...com a minha força e com a força daqueles que realmente gostam de mim e que são meu amigos...

O meu pai foi e será sempre uma pessoa importante na minha vida!... Será uma pessoa de quem irei sempre falar com carinho! Um dia, os netos dele não o irão conhecer mas saberão sempre quem ele foi, e saberão a pessoa que ele era... É difícil perceber o porquê da partida...

Onde quer que estejas lembra-te que eu gosto muito de ti pai! Obrigado por tudo o que me deste e acima de tudo obrigado pelo que me ensinaste! E obrigado também por todo o apoio e pela cumplicidade...

sábado, março 26, 2005

Escada sem corrimão

É uma escada em caracol
e que não tem corrimão.
Vai a caminho do sol
mas nunca passa do chão.

Os degraus, quanto mais altos,
mais estragados estão.
Nem sustos, nem sobressaltos
servem sequer de lição.

Quem tem medo não a sobe.
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
o lastro do coração.

Sobe-se numa corrida
Correm-se perigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
a escada sem corrimão.

David Mourão Ferreira

terça-feira, março 22, 2005

Diário de Anne Frank

... "Quando o Pitter e eu estamos sentados num caixote duro, no meio de ferros velhos e de pó, muito juntos, eu com um braço em volta dos seus ombros, ele com um braço em volta dos meus ombros, quando ele brinca com uma madeixa do meu cabelo, quando lá fora se ouve o chilrear dos pássaros, quando se vêem as árvores a pintarem-se de verde, quando o sol nos chama e o ar é todo azul, oh!, então os meus desejos são infinitos."

Anne Frank

sexta-feira, março 18, 2005

Passagem de Nível

Depois daquela noite os teus seios incharam;
as tuas ancas alargaram
e os teus parentes admiraram-se
e falaram, falaram...

Porque falaram duma coisa tão bela,
tão simples, tão natural?
Tu não parias uma estrela,
nem numa noite de vendaval...

Mas tudo terminou porque falaram.
Tu fraquejaste e tudo terminou.
- Os teus seios desincharam;
só a tristeza ficou.

Ficou a tristeza duma coisa tão bela,
tão simples, tão natural...

- Tu não parias uma estrela,
nem numa noite de vendaval...

Sidónio Muralha

domingo, março 13, 2005

A minha história

Olá, o meu nome é António e esta é a minha família, o Zé, a Mãe e o Chico e todos temos um vírus chamado VIH. Há outra palavra que as pessoas também usam e é a palavra SIDA. Vou falar-vos sobre isso mas primeiro quero falar de mim.
Tenho 11 anos e a minha comida preferida é McDonalds e a minha banda favorita são os James. Agora de volta ao assunto VIH . O VIH é como um exército dentro do nosso corpo, o exército vermelho é o exército bom e o exército preto é o mau. Isto é o VIH.
Antes eu sabia que tinha só 80 soldados e muitos mais pretos, mas agora tenho 500 soldados e nem por isso muitos pretos. Como eu fiquei tão bem de saúde é um segredo mas eu conto-vos. Tomo uns comprimidos especiais, tomo 154 comprimidos por semana e são uma data de comprimidos. Tomo 18 cor de laranja, 2 brancos, 2 amarelos e às segundas, quartas e sextas tomo Antrinox que é mesmo horrível, mas tudo bem. Tomo as minhas pastilhas de manhã, ao meio-dia e à noite. A única coisa que eu não gosto no VIH é quando tomo os comprimidos de manhã porque tenho que me levantar muito cedo, mas desde que tome os comprimidos está tudo bem e não vou adoecer.

Agora vou contar-vos uma história de como eu e a minha família descobrimos. Foi o meu irmão que nos fez descobrir e é por isso que a minha mãe diz que ele é uma dádiva. Se ele não tivesse nascido eu estava agora muito doente e até podia ter morrido. Foi o dia em que me lembro que todas as enfermeiras foram muito simpáticas comigo, uma até me deu uma caixa de chocolates e depois vi lágrimas nos olhos da minha mãe quando saiu de uma sala e foi aí que percebi que alguma coisa estranha estava a acontecer. Durante 1998 comecei a pensar que havia qualquer coisa estranha e de errado comigo mas eu não tinha nenhuma ideia do que seria. Quando estava a fazer testes de sangue vi a minha mãe e a médica ir para a secretária e foi aí que vi o impresso com VIH escrito e depois vi uma telenovela em que o actor estava a tomar os mesmos comprimidos que eu tomo e ele tinha VIH e foi assim que eu descobri. Espero que tenham gostado do meu trabalho sobre informação.

António

Andava a remexer numa agenda minha que em 2001 o Ministério da Saúde distribuiu por algumas escolas e que continha bastante informação sobre diversos temas relacionados com a adolescência. Lá dentro estava escrito este texto que me tocou bastante e por isso decidi colocá-lo aqui.. É preciso termos cuidado e sabermos aproveitar a vida com o que ela nos dá, seja bom ou mau, tal como o António faz...

sexta-feira, março 11, 2005

Fim de semana

E mais um fim de semana se aproxima e mais uma vez não vou postar no dito cujo, porque quero aproveitar todos os momentos, todos os minutinhos para namorar! Quando não se está perto da pessoa que amamos sempre que queremos o melhor que temos a fazer é aproveitar sempre que podemos!.. E é o que eu tenciono fazer a partir de hoje à tarde... E espero só voltar a meter aqui os pézinhos na internet na 2ª feira... Até lá curtam a vida e tenham um bom fim de semana!!

segunda-feira, março 07, 2005

"Quando menos esperamos, a vida coloca diante de nós um desafio para testar a nossa coragem e a nossa vontade de mudança; nesse momento, não adianta fingirmos que nada acontece, ou desculparmo-nos dizendo que ainda não estamos prontos.
O desafio não espera. A vida não olha para trás. Uma semana é tempo mais que suficiente para sabermos decidir se aceitamos ou não o nosso destino."

Paulo Coelho
O Demónio e a Senhorita Prym

quinta-feira, março 03, 2005

Corropio II

E pronto já fui à Universidade toda contente a pensar que ia já resolver as cenas dos pré-requesitos, mas afinal parece que não resolvi nada! Cheguei eu toda lampeira à escola a pensar que ia já levantar os papéis e que de seguida iria a uma consulta numa Terapeuta da Fala e voltaria à escola para entregar os papéis, mas estava bem enganada... Em conclusão, fui à escola, levantei os papéis, informaram-me que teria de pagar 45 euros (sim 45) quando entregasse os pré-requesitos, mas que só poderia entregá-los em Abril/Maio... Quer dizer, anda aqui uma moça de Coimbra a correr para Setúbal, a pedir favores e tal, e depois depara-se com estas coisas, mas pronto, é a vida!... Depois disto lá fui eu à consulta da Terapeuta onde ela me passou uma declaração a dizer que não tenho quaisquer problemas de linguagem e de dicção (ainda bem) e onde larguei 50 euros!

Agora é esperar por Abril para entregar aquela porcaria... Sim, porcaria, porque já tenho tudo pronto e tenho de esperar mais um mês e meio! E contar em largar mais 45 euros. E com esta brincadeira toda dos pré-requesitos lá se vão 95 euros, que não é brincadeira nenhuma... E depois ainda dizem que o estado não ganha dinheiro nenhum.

terça-feira, março 01, 2005

A bunda que engraçada

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
rebunda.

Carlos Drummond de Andrade